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Nosso sumo sacerdote misericordioso

Um estudo teológico-hermenêutico da tentação de Jesus não seria completo sem ressaltar a importância prática para a vida e ministério de todo cristão. Toda teologia deve culminar com implicações para a vida, pois o conhecimento de Deus sempre deve produzir no cristão um crescente na santidade vivencial diária. Nesse sentido, a experiência de Cristo pode ser considerada como base para as experiências que foram e serão vividas por todos os cristãos.

É provável que um cristão nunca venha a ter um encontro tão pessoal e intenso com o Diabo, mas é muito real o fato de cada cristão passar por tentações, muitas vezes oriundas do próprio Satanás. Nesse sentido, há muito o que se aprender com o exemplo deixado por Cristo. Se Jesus, assim como qualquer pessoa, estava sujeito aos testes morais comuns aos homens, ele pode ser agora o maior exemplo dos cristãos na luta contra as tentações.

É o autor de hebreus que consegue captar melhor as aplicações básicas e atemporais da tentação para os cristãos. Hebreus, por sinal, em 4.15, afirma que Cristo tornou-se o sumo sacerdote dos cristãos a medida que foi tentado κατὰ πάντα καθ’ ὁμοιότητα (em tudo a nossa semelhança). Assim, o evento da tentação explicita para os salvos um representante que, à semelhança dos homens, foi tentado em tudo. O grande diferencial encontra-se no final do versículo, pois Cristo passou por tudo isso χωρὶς ἁμαρτίας, ou seja, a parte do pecado. O versículo 16 traz a implicação disso: uma vez que Cristo foi tentado em tudo, mas sem pecado, o cristão pode agora achegar-se a Ele em socorro diante das necessidades. É só em Cristo que há misericórdia e graça frente às tentações do cotidiano.

Além desses dois versículos no capítulo 4, há a verdade contida em 2.18, quando o autor enfatiza esse mesmo conceito. Uma vez Cristo sofrendo quando fora tentado, ele pode agora ser o socorro daqueles que passam pela mesma situação. A ajuda dada por Cristo aos salvos em suas tentações está estritamente ligada com o conceito de sofrimento, passado por ele em sua tentação.

Hebreus 2.17,18 faz uma interessante conexão entre o sofrimento e a tentação. Jesus tinha que se tornar semelhante a nós em todos os aspectos, tanto é que foi testado e sofreu. Essa relação é que o capacita a compadecer-se, uma palavra composta rara no Novo Testamento, συμπαθέω, que descreve a capacidade de Cristo em simpatizar-se com aqueles que sofrem. A fraqueza, porém, que é característica ao homem não é vista em Jesus. Essa verdade é o que torna Jesus capaz de simpatizar-se com o cristão. Só necessita de simpatia quem é fraco, e não quem é autossuficiente como Cristo.

Na próxima vez que for tentado e pensar que está sendo demais para suportar, não só lembre-se da tentação de Jesus, mas achegue-se a Ele com confiança, na plena esperança de que Ele mesmo te socorrerá. Aproxime-se do trono da graça com confiança na suficiência de Jesus Cristo, para receber a graça necessária nos terríveis momentos de tentação.

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