Após pensar muito, decidi iniciar meus escritos neste espaço com meu trabalho de conclusão do bacharel em teologia pelo Seminário Bíblico Palavra da Vida. Abordei o texto de Mateus 4.1-11, com o título: A importância teológica, hermenêutica e prática da tentação de Jesus conforme Mateus 4.1-11.
A tentação é algo constante na vida do cristão. Uma má companhia que só o abandonará quando seu espírito separar-se de seu corpo. Constância infelizmente presente em todos os dias vividos debaixo do Sol. Arqui-inimiga na luta contra a santidade exigida pelo Senhor a todos os seus filhos. A insistência da tentação é, por vezes, desesperadora, desanimadora. Vencer uma luta hoje não significa impossibilidade de derrota amanhã. Luta diária, contínua, implacável.
Já no terceiro capítulo das Escrituras é possível encontrar, no versículo 6, a tentação presenta na vida de Eva e, consequentemente, na de Adão. Logo em seguida, no filho Caim, em Gênesis 4.7, há novamente o mesmo intento, evidenciado no pecado que jazia à porta. Tentação presente na vida de todos os homens.
A tentação pode vir de diversas fontes, como da sociedade ímpia (cf. João 17.14-16), de Satanás (cf. 2Coríntios 2.11) e da natureza pecaminosa humana (cf. Colossenses 3.18). O exemplo clássico é a tentação de Abraão, proveniente do próprio Deus. A oriunda de Satanás, porém, é, sem dúvida, a mais cruel.
Tentação diabólica real e intensa na vida de Jesus Cristo, especialmente no preparo de seu ministério público. Poucas ocorrências a respeito da vida do Senhor Jesus são tão enigmáticas quanto a passagem que narra a tentação sofrida por Satanás após 40 dias no deserto. Num espaço muito curto dedicado pelos evangelhos sinóticos, há uma imensidade de teologia, hermenêutica e prática.
Teologia pela importância do próprio evento para a vida de Cristo, especialmente na fase inicial de seu ministério, motivo pelo qual três dos quatro evangelhos incluem uma narrativa contando o ocorrido. Teologia pela diferença que uma passagem como essa causa no todo da teologia cristã. Questões como a impecabilidade de Cristo, a legitimidade da tentação, a importância da conversa, a comparação com Israel, entre outras, são discutidas e analisadas sob diversos prismas.
Hermenêutica pelas quatro citações veterotestamentárias contidas na passagem, inclusive uma feita pelo próprio Diabo. Das quatro, três oriundas do mesmo livro do Pentateuco. A maneira pela qual Jesus citou o Antigo Testamento, bem como o provável erro cometido por Satanás são temas necessários para avaliação.
E prática pelo exemplo deixado pelo Mestre no auxílio aos cristãos em suas tentações. A importância das Escrituras na luta contra a tentação é evidenciada de maneira muita clara em sua vida. É salutar a praticidade dessa narrativa para o cristão, motivo pelo qual deve ser considerada detalhadamente.
Sendo assim, esta série de artigos terá por finalidade abordar as questões teológicas, hermenêuticas e práticas da tentação de Jesus registrada no evangelho de Mateus. Espero que o leitor seja beneficiado em sua vida e ministério, quer seja entendendo a tentação em sua própria vida, quer seja utilizando este texto em seu ministério.
Rafael F. Simões
22.09.2017