HomeDavi JanéLições do Evangelismo em Betânia

Lições do Evangelismo em Betânia

No evangelho segundo João encontramos apenas oito sinais que o Senhor Jesus realizou durante o seu ministério terreno. Apesar de serem poucos, eles foram selecionados e registrados “para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” (João 20.31)

Um destes sinais (note, não foram apenas milagres, coisas extraordinárias, mas sinais que apontavam numa direção) está registrado no capítulo onze deste evangelho, e ocorreu em Betânia, uma cidade distante cerca de 3 quilômetros de Jerusalém, por onde o Senhor várias vezes passou, e encontrou um lar acolhedor, o lar dos irmãos Lázaro, Marta e Maria.

Justamente nesta localidade e com esta família deu-se o fato mencionado no capítulo onze do evangelho. Lázaro estava doente, e suas irmãs preocupadas com o seu estado, mandaram chamar o Senhor, certas de que ele viria curá-lo, tal era o amor que o Salvador tinha pelo seu irmão. Por razões desconhecidas por elas, o Senhor demorou-se em atendê-las, a ponto de Lázaro vir a falecer, deixando-as desorientadas e desconsoladas. Mais tarde o Senhor chegou ali, ensinou-as sobre algumas verdades e ressuscitou o irmão, devolvendo-o ao convívio das irmãs. No entanto, além do amor demonstrado pelo Senhor Jesus nesta ocasião, podemos aprender algumas lições sobre evangelismo que Ele nos deixou na Sua Palavra:

1) Lázaro é uma figura do pecador, que no seu estado de pecaminosidade, por nascimento nesta condição e por prática ao longo de sua vida, está “morto nos seus delitos e pecados” (Efésios 2.1), isto é, separado do Deus Santo por causa do seu pecado, que se transforma numa barreira colocando o Criador de um lado e o pecador do outro. Além de morto, o pecador não tem qualquer recurso que possa empregar ou qualquer coisa a fazer para mudar, de si mesmo, o estado em que se encontra, e portanto, o seu destino eterno. Ele necessita da intervenção de alguém que, não somente esteja vivo, mas que possa lhe dar vida.

2) Encontramos os discípulos, mencionados no verso 13, que não entenderam o que Jesus lhes falava a respeito da morte de Lázaro, chamando-a de sono (v. 11-13). O entendimento deles estava obscurecido, entorpecido, talvez devido a alguns acontecimentos, ou, por que tinham uma compreensão limitada e parcial do que representa a morte. Encontramos hoje, pessoas com essa mesma limitação quanto à compreensão do verdadeiro significado de morte. Não entendem que ela significa separação, comunhão interrompida por causa do pecado, incompatibilidade de andar junto com Deus devido à Sua natureza santa, que não tolera o pecado, e é ofendida quando o pecado jaz na Sua presença. Há pessoas que veem o pecador apenas como alguém que não assiste reuniões com frequência, não se veste como os crentes se vestem, não fala como os crentes falam, etc., sendo que essas coisas são apenas demonstrações externas da condição interna do pecador condenado. É preciso ter uma compreensão correta do estado do pecador, para poder oferecer-lhe a solução única e adequada para a cura do seu mal.

3) Nos deparamos também com Tomé, o pessimista (v. 16). Por não reconhecer em Jesus, o Autor e Doador da Vida, e talvez, porque Jesus e os Seus discípulos tinham sido expulsos daquela região, perseguidos por algo que o Senhor falou ou fez ali. Tomé demonstrou um pessimismo que o levou a proferir as palavras do verso 16 “Vamos nós também para morrermos com ele.” Ele não cria, obviamente, no poder restaurador, vivificador do Senhor, nem no fato de que, enquanto for dia, isto é, tempo apropriado para trabalhar, e enquanto o cristão tiver uma missão para realizar neste mundo, não há poder, natural ou sobrenatural, que impeça o cristão de se desincumbir da sua tarefa. Uma vez cumprida tal tarefa, e só então, o cristão estará pronto para ser levado à Casa do Pai. Há também daqueles cristãos que não entram em favelas por conta do medo, não vão a hospitais para não serem contaminados por alguma doença, etc., refletindo uma descrença total no poder protetor daquele que nos enviou dizendo “Ide”.

4) Há daqueles, como Marta (v.22,24,27,39,40), que apesar de terem visto os sinais que Jesus fazia e terem-no recebido várias vezes em casa, revelam falta de fé de que “o evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1.16). Não creem que o poder do evangelho é suficiente para transformar ladrões, prostitutas, bêbados, jogadores, etc. em verdadeiros filhos de Deus que tragam glórias e honras ao nome do nosso Pai através de suas vidas restauradas e transformadas pelo poder do Todo-Poderoso. Por não crerem em tal poder, pregam o evangelho apenas a pessoas cuja vida não está tão “torta”, e as nossas igrejas, na maioria dos casos, não está preparada para receber ex-traficantes, ex-viciados, ex-prostitutas, ensinado-lhes que a vida velha passou, e agora, em Cristo, são novas criaturas. Por isso, deixam de ver a glória de Deus (v.40).

5) Nos deparamos com o povo cético no amor de Deus e no poder de Deus (v.37). Esta é a condição da maioria daqueles que estão sem Cristo e nos rodeiam. Depois de experimentarem inclusive reuniões de libertação, de cura, de descarrego, etc. não experimentaram o verdadeiro poder que liberta, que salva, que perdoa, que vivifica, o poder do verdadeiro evangelho de Cristo. Estas experiências tornaram tais pessoas céticas quanto ao poder do verdadeiro evangelho, fazendo disso um verdadeiro desafio para nós, em relação à evangelização delas.

6) Encontramos ainda os ajudantes do Senhor, aos quais ele encarregou de desatar as faixas do ex-defunto ressurreto, para que ele tivesse liberdade de movimentos (v.44). O que o Senhor, e só o Senhor podia fazer, ele o fez – dar a vida. Mas aquilo que os homens poderiam e deveriam fazer, ele os encorajou a fazer – tirar as faixas, remover os obstáculos, dando liberdade de ação ao ex-morto ao se movimentar. Deus permita que haja servos Seus que ajam da mesma maneira em relação aos recém-nascidos em Cristo. Através de estudos bíblicos, aconselhamento, oração e trabalho em conjunto, que os novos nascidos recebam orientação, apoio, consolo e fortalecimento espiritual através da ação dos servos do Senhor.

7) Finalmente, mas não menos importante, pelo contrário, o personagem central e fundamental para que a morte fosse transformada numa oportunidade para Deus ser glorificado entre os homens, vemos a figura do Senhor Jesus. Primeiro fazendo uma necessidade surgir, a morte, depois ensinando os discípulos e as irmãs. Vemo-lO também se emocionando com a dureza do coração humano e até chorando por ver os efeitos do pecado na vida daqueles que ele tanto ama, as Suas criaturas. Mas, e então decisivamente, nos deparamos com o Autor da Vida, ressuscitando Lázaro e trazendo-o, novamente, ao convívio dos seus. Só Jesus e ninguém mais pode fazer isto. Por isso ao evangelizar, devemos fazer como Filipe ao evangelizar o etíope, “anunciou-lhe a Jesus” (Atos 8.35). Ele é o Único que pode resolver o maior e verdadeiro problema espiritual do homem: seu pecado e a condenação eterna da qual o homem é merecedor. Ele foi o Único a efetuar o Sacrifício Perfeito na cruz central do Calvário, através do qual qualquer pecador pode ser salvo. Ele foi o Único que satisfez plenamente a justiça de Deus, tornando-se o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. (João 1.29)

Que estas palavras nos desafiem a continuarmos a obra de evangelização aos perdidos lembrando-nos “que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação…” (saías 52.7).

Artigo anterior
Próximo artigo
ARTIGOS RELACIONADOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Favor entrar com seu comentário!
Por favor digite seu nome aqui

Mais Populares

Comentários recentes