Conhecemos o livro dos Provérbios como um dos livros de Sabedoria. E de fato ele é, mas não a sabedoria “terrena, animal e demoníaca”, como Tiago descreve como sendo o que os homens chamam de sabedoria (Tg 3.15). Antes, Provérbios trata da sabedoria que “desce lá do alto”, que é “pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos (grifo meu), imparcial, sem fingimento (Tg 3.17). Sendo assim, nós vemos como a sabedoria pode produzir bons frutos aos que nos cercam, resultado da misericórdia com que os vemos. E, olhando para os que nos cercam, especialmente os descrentes, o maior dos bons frutos que podemos e devemos manifestar a eles, é a nossa preocupação com o seu destino eterno, e, a partir daí, levar a eles o evangelho de Jesus Cristo, que “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”(Rm 1.16). Olhemos para o livro dos Provérbios, e tiremos dele algumas lições sobre evangelismo.
“O fruto do justo é árvore de vida, e o que ganha almas é sábio.”(Provérbios 11.30)
Inicialmente, devemos nos perguntar o que é a verdadeira sabedoria. Não é o acúmulo de conhecimento, nem de riquezas ou bens materiais, não é a fama ou status decorrente dela. A verdadeira sabedoria consiste em avaliar a vida além-túmulo, onde e como vai ser vivida, porque ela é eterna, em contraste com a vida terrena que é passageira, ilusória e mui breve. Quando avaliamos e comparamos essas vidas, o nosso coração se enche de vontade de “ganhar almas” para o reino de Deus, isto é, levar a mensagem que verdadeiramente pode dar esperança ao pecador perdido e condenado, e que pode salvá-lo da morte eterna. E isso, apenas a fé no sacrifício substitutivo de Cristo lá na cruz do Calvário é que pode oferecer ao homem longe de Deus. Eis a verdadeira sabedoria!
“O mau mensageiro se precipita no mal, mas o embaixador fiel é medicina.”(Provérbios 13.17)
O cristão verdadeiro é um representante do seu Senhor e Salvador aqui na Terra, um verdadeiro embaixador. Mas o que se requer dos embaixadores é que representem com fidelidade o seu Senhor diante dos outros. E quando o embaixador é fiel, ele tem um comportamento e traz palavras que são medicina preventiva e curativa para as pessoas. E que palavras curam mais do que a mensagem do evangelho? E que palavras são medicina mais do que a Bíblia, que traz a plena revelação de Deus ao homem perdido, inclusive revelando ao homem o plano de Deus para sua salvação? Sejamos embaixadores fiéis ao nosso Senhor, proclamando a mensagem que pode curar o espírito, a alma e o corpo do homem, o evangelho de Jesus Cristo.
“O olhar de amigo alegra ao coração; as boas-novas fortalecem até os ossos.”(Provérbios 15.30)
Por falar em medicina, as boas-novas de salvação na Pessoa de Jesus Cristo, não só mostram o que pode salvar o espírito do homem da condenação eterna, mas também são um tônico revigorante para a alma cansada e quebrada pelas experiências amargas da vida. E ainda podem evitar que o corpo seja estragado pelos vícios, imoralidade e prazeres temporário e enganadores que o mundo oferece, ainda mais quando as boas-novas de salvação são pregadas às crianças, poupando-as de cair nas armadilhas que este mundo, que jaz no Maligno, prepara para os incautos. Sim, verdadeiramente as boas-novas fortalecem até os ossos, e todo o nosso ser interior.
“Livra os que estão sendo levados para a morte e salva os que cambaleiam indo para serem mortos.”(Provérbios 24.11)
Gostaria que, baseado neste versículo, nós que já somos salvos, pensássemos na real situação dos que não conhecem a Jesus como o seu Salvador. “Levados para a morte” é uma expressão que fala do destino eterno dos perdidos, consequência da sua situação no presente: mortos pelos seus delitos e pecados. Estão separados de Deus, sem poder ter comunhão com Ele, pois a Bíblia diz-nos que “os vossos pecados fazem separação entre vós e o vosso Deus”(Isaías 59.2). E caminham para a separação eterna e definitiva de Deus no lago de fogo e enxofre. Às vezes, temo eu, nós que somos salvos não nos importamos com a situação desesperadora e triste em que se encontram os perdidos, nem com o seu destino eterno. Mas a situação é a pior possível e o destino também. Que isso nos leve a empenharmo-nos para livrá-los de tal condição presente e de tal destino eterno.
“Como água fria para o sedento, tais são as boas-novas vindas de um país remoto.”(Provérbios 25.25)
Finalmente, desejo lembrar aos meus leitores duas coisas. Primeira, que vivemos num mundo que, espiritualmente, se encontra seco, sedento e necessitado da Água da Vida. E ainda há pessoas que estão procurando a única coisa que possa saciar sua sede espiritual, o Senhor Jesus Cristo. Segunda, vivendo numa sociedade materialista, imediatista e longe de Deus, devemos trazer a estes uma mensagem “de um país remoto”, a Pátria celestial. Afinal de contas, a promessa do nosso Amado foi: ”Na casa de meu Pai há muitas moradas….e quando eu for, e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estou estejais vós também.”(João 14.1-3)
Que sejamos desafiados pelo maior evangelista de todos os tempos, o Senhor Jesus Cristo, a continuarmos a Obra de evangelismo iniciada por Ele, e cuja continuidade é privilégio e responsabilidade da Sua Igreja nos nossos dias.