O tempo de amar

Querida jovem,

Quando te disserem para guardar seu coração e esperar o tempo certo de amar, ouça. Não tenha pressa de viver aquele “grande amor”, não se sinta rejeitada se acaso todas as suas amigas namoram, menos você. Não se sinta ridícula se mesmo já “velha” você ainda não beijou nem “ficou” com ninguém. Vai por mim: esperar é melhor. E não é conversa de gente chata que não sabe aproveitar a vida. Falo do que eu já vivi.

Desde criança ouvia histórias de príncipes e princesas com romances mágicos, assistia as novelas antigas na TV onde mocinhas andavam em carruagens e suspiravam em seus quartos à espera do amor de suas vidas. E eu, ainda tão pequenininha começava a me sentir da mesma maneira: uma menina romântica e apaixonada, sonhando com o dia em que eu viveria uma linda história de amor.

E fui crescendo assim: achava que tinha que estar sempre apaixonada por alguém, escrevia cartinhas de amor pra vários meninos (um de cada vez, claro!) e mesmo na adolescência sofria do mal da “paixonite aguda”. Quanta vergonha eu tenho ao me lembrar disso! Quanta carência! Quanto desespero!

Conforme o tempo ia passando e eu nunca namorava (e isso quando eu nem idade tinha para namorar!) mais rejeitada eu me sentia. Começava a me questionar o que será que tinha de errado em mim, se algumas coleguinhas já tinham seus namorados ou admiradores e eu ainda não. Se eu era tão comunicativa e “legal” como diziam, então qual era o problema??? Ah…. com certeza a aparência, então! Quem mandou ser tão gordinha??? Se eu fosse como a “fulana” estaria cheia de candidatos aos meus pés!

Sabe o que eu penso quando olho pra trás? Quanto tempo perdido! Quanto sofrimento desnecessário! Como eu queria ter aproveitado minha infância e adolescência apenas pensando em viver aquela época sem nenhuma preocupação! Infância é tempo de brincar, adolescência é tempo de fazer amigos, descobrir seus dons e habilidades, descobrir a si mesmo (sua personalidade, seus limites). Ainda bem que ninguém “me quis” naquela fase, porque eu claramente não estava preparada para nenhum relacionamento amoroso e muito menos os meninos por quem eu me debulhava em lágrimas! Graças a Deus que não me permitiu namorar tão cedo porque certamente meu coração teria sido muito mais despedaçado pelos relacionamentos prematuros do que pela “rejeição” que eu achava que estava sofrendo.

Quando finalmente recebi permissão para namorar e tive alguns relacionamentos, experimentei o melhor e o pior deles. Experimentei tanto a sensação de amar e ser correspondida (e é uma sensação maravilhosa, eu admito!) como também experimentei a dor de um relacionamento que termina, o ciúme de ter que ver alguém que você tanto amou e que viveu coisas lindas, agora nos braços de outra pessoa; quem sabe até fazendo as mesmas juras de amor que fazia antes pra você. E quanto mais você se envolve fisicamente, maior a dor, a vergonha, a culpa, a raiva e o ciúme.

Mais tarde, quando comecei a namorar o garoto que agora é meu marido, sabe o que pensei? “Oh, não! Por que não tive paciência o suficiente pra esperar e namorar somente com ele? Como seria bom se eu tivesse sido a vida toda somente dele e ele somente meu!”. Pois é. Quando comecei a namorar com meu marido, sabia que aquele namoro seria diferente, sabia que seria pra casar. E aí me arrependi amargamente quando percebi que tanto eu como ele já tínhamos um passado amoroso. E como seria bom se isso não existisse. Como eu desejei poder apagar tudo! Mas infelizmente não posso. E é quando coisas assim acontecem que nos lembramos da palavra de Deus e de como ela é sábia. O que antes parecia coisa de gente chata que não quer que a gente seja feliz, ou “coisa de gente velha”, agora fazia o maior sentido pra mim: “Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, que não acordeis nem desperteis o meu amor, até que queira.” Cânticos 8:4. Tudo tem o seu tempo! Deus já sabia quando e onde eu encontraria meu esposo. Mas eu estava aflita e ansiosa achando que eu devia procurá-lo por aí incansavelmente. Eu achava, lá no fundo, que sem um namorado eu não tinha valor. Falavam tanto que a mulher deve se “valorizar”, mas eu não entendia o que era isso na prática.

Se valorizar é saber quem você é. Principalmente, quem Deus diz que você é. Se você já confessa a Jesus como seu salvador, então a Bíblia diz que você é filha de Deus. Salva, eleita, redimida, transformada. Você foi salva para a glória de Deus, para andar na luz e praticar as obras que Ele preparou pra você. Há trabalho (e muito!) a ser feito aqui antes de nos reunirmos com Jesus no céu.

Comece aprimorando seu relacionamento com Deus. Será que gastamos o mesmo tempo e energia que empregamos procurando um amor, em relacionamento com Deus? Como está sua vida de oração e leitura da palavra? Você tem prazer em se reunir com seus irmãos e se alimentar da palavra de Deus? Como está sua vida de serviço cristão? Você se dispõe a fazer qualquer coisa ou apenas aquelas em que será mais vista e elogiada por todos? Você continuaria amando a Deus mesmo que Ele te dissesse que te escolheu para servir como solteira?

É verdade que Deus diz em Gênesis que não é bom que o homem esteja só, e concluímos com isso que Ele dará um cônjuge para cada pessoa. Mas se examinarmos bem a Bíblia, não existe essa promessa. Deus não prometeu que vai dar um marido e uma esposa para todas as pessoas, sabia? Está surpresa? “E agora? O que vai ser de mim? Será que fui escolhida para ser solteira?” Eu não sei. Não posso te responder a essa pergunta. O que eu sei é que Ele vai fazer o que for melhor pra você. A vontade dele é boa, perfeita e agradável. Sei que Ele se importa com você e se interessa pelos seus sentimentos. Ele sabe das suas necessidades. Basta que coloquemos nossas vidas nas mãos dele e tenhamos fé e confiança de que Ele fará o melhor. E aí, você já colocou o seu coração nas mãos dele?