Pode beijar a noiva!
Vou dividir um segredo com você: o primeiro beijo que eu dei no meu marido foi no dia do nosso casamento. Eu tinha 26 anos e ele, 27. Tomamos a decisão de namorar com o mínimo de contato físico e prometemos que esperaríamos até o dia do nosso casamento para dar nosso primeiro beijo.
Na época, praticamente ninguém sabia disso e até hoje, pouca gente sabe. Não quis contar pra ninguém porque muitos iam me achar louca, outros poderiam pensar que estávamos mentindo, ou que estávamos querendo aparecer, “dando uma de santinhos” ou seguindo “uma modinha”. Fato é que essa decisão só cabia a nós.
Mas, passados dez anos de casada, quero dividir essa experiência com você. Pode ser que te ajude, pode ser que te inspire, ou pode ser que você pense: “de jeito nenhum!” Hahaha!
Foi assim: como tantas mocinhas românticas e sonhadoras, eu também esperava ansiosamente pelo meu primeiro namorado. Sonhava que ele seria lindo, educado, romântico, inteligente e mil coisas mais (mulheres sempre querem mais). E que depois de um lindo romance, nos casaríamos, teríamos uma lua-de-mel maravilhosa e lindos filhos a correr por campos verdejantes. Mas… a história real não foi bem assim. Gostei de alguns garotos que não gostaram de mim, e gostei de outros que gostaram de mim, mas que naquele momento eu ainda não estava autorizada a namorar, pois meu pai me fez prometer que eu não namoraria escondido dele e que não namoraria antes dos quinze anos (obrigada, pai!).
Quando finalmente fiz quinze anos, estava “doida” pra namorar, mas na minha igreja os meninos todos haviam crescido junto comigo e éramos mais irmãos e amigos do que qualquer outra coisa. Tempos depois precisei me mudar de cidade e foi então que conheci meu primeiro namorado. Era um menino legal, muito gente boa, mas não era crente. Na ânsia de experimentar logo o que era ter alguém que gostasse de mim e pudesse chamar de “amor”, acabei quebrando a primeira regra de ouro: não entrar em jugo desigual. Namoramos por um mês, até que minha consciência pesou e pensei: “Se não tenho planos futuros de me casar com ele (nem daqui a 10 anos ou mais), por que continuar esse namoro?” Então tomei a decisão de terminar aquele relacionamento. Senti duas coisas diferentes: alívio por estar fazendo o certo e arrependimento quando percebi que estava fazendo outra pessoa sofrer. Aquilo me ensinou que eu deveria pensar muito bem antes de me envolver novamente, pois é muito sério despertar sentimentos em alguém e depois simplesmente “mudar de ideia”. Pessoas não são descartáveis.
Passados seis anos (veja bem, SEIS ANOS!!!), namorei novamente. Já tinha 21 anos e procurei alguém que fosse crente, da mesma denominação até (Casa de Oração, minha igreja de origem). Além disso ele também era da área de Humanas, havia se formado em Letras-Francês e Letras era um dos cursos que eu sempre pensei em fazer. Tínhamos muito assunto em comum e ele também se interessava por missões e o serviço cristão. Havia apenas um “pequeno” detalhe: Eu morava em Minas Gerais e ele no Rio de Janeiro. O namoro teria que ser à distância, pelo menos nos primeiros meses ou anos. Tentamos por alguns meses, até que a pressão da distância venceu. Ele queria alguém que estivesse perto, e decidiu terminar.
No ano seguinte, de repente, um garoto que conheci desde criança começou a me despertar um sentimento diferente. E dessa vez era crente e morava perto. Bem perto, aliás. Do outro lado da rua. Foi um namoro intenso. Namoramos por um ano e tínhamos a famosa “química”. Parece que ele lia meus pensamentos e sabia de tudo que eu gostava. Mas o excesso de intimidade física e pouca intimidade intelectual e espiritual acabou por tornar pálido aquele romance que começou de uma forma tão linda (lembro do nosso primeiro dia de namoro, quando oramos juntos de mãos dadas no carro dele). Terminamos, reatamos e terminamos de novo. Acabei saindo com o coração mais despedaçado ainda. Me fazendo a famosa pergunta: “Afinal, o que há de errado comigo?”
Alguns meses depois disso, fui convidada a cantar em um casamento a música “Casa de Bênção”, da Eyshila. No meio do ensaio, não consegui mais cantar. Caí em pranto e ninguém entendia o que estava acontecendo. Eu disse: “Como posso cantar que minha casa será uma casa de bênção se meus relacionamentos não dão certo? Como posso ter certeza que meu casamento será para sempre se nem o casamento dos meus pais durou para sempre???”
Chegando em casa naquele dia, conversei com minha mãe sobre isso e ela me disse sábias palavras de consolo e exortação. Ela disse, em primeiro lugar, que só porque o casamento dela não deu certo, não significava que o meu também não daria. E acrescentou que na época dela, os líderes cristãos não pregavam quase nada sobre relacionamento, muito menos para os jovens namorados. Ela só ouviu falar em “orar pelo futuro casamento, futuro namorado”, muitos anos depois, quando os filhos já tinham nascido. E que a nossa geração tinha muita sorte em ter tanto apoio e tanto material bom sobre o namoro e casamento cristão. Aquilo me deu alguma esperança.
Sabe esse casamento para o qual fui convidada a cantar? Pois então. Eu não sabia ainda, mas o meu atual marido tinha sido convidado para realizar aquela cerimônia. Nós nos conhecemos dez anos antes disso, um ano antes de ele ir para o seminário de teologia. Muito tempo se passou e qual não foi minha surpresa, quando nos reencontramos naquele evento. Conversamos rapidamente ali e naquela noite, antes de dormir, eu orei a Deus que se ele tivesse algum propósito nesse encontro, que nos reaproximasse. Sem saber de nada, ele também fez naquela mesma noite, a mesma oração. Morávamos em cidades vizinhas, mas no ano seguinte comecei um curso na cidade dele e fui convidada a morar com o meu pai. Ele ficou sabendo e entrou em contato comigo. Alguns meses depois, estávamos namorando (Resumi bastaaaante aqui. Um dia eu te conto a “novela”completa! Hahahaha!).
Mas o mais interessante é que desde as primeiras conversas que tivemos ao nos reencontrar, e desde o primeiro dia de namoro, eu senti que era diferente. Ele também. Nós dois sentimos que aquilo era sério, era pra valer. Nós dois estávamos mais maduros e começamos tudo só depois de orar e ter bastante cautela. Não estávamos mais a fim de “passar o tempo”, “ver no que vai dar”, não. Éramos dois jovens adultos, com objetivos e propósitos bem definidos.
O primeiro pensamento que veio a minha mente quando ele segurou minha mão pela primeira vez, foi: “Por que é que eu não esperei parar namorar só com ele? Por que não esperei para ser sua primeira namorada e ele, o meu primeiro namorado?”
Ah, se eu soubesse que era por ele que eu estava esperando… qualquer sacrifício teria valido a pena. Nunca senti uma ligação tão profunda com ninguém. Como se nossas almas estivessem conectadas, pois com ninguém eu havia sentido uma afinidade tão grande. Objetivos em comum, gostos, sonhos, projetos… tudo! Claro que eu estava apaixonada, mas era uma paixão bem mais “pé no chão” do que todas as outras.
Então eu decidi namorar sem contato físico e apresentei minha proposta a ele. De só nos beijarmos no dia do nosso casamento. Fiz isso por alguns motivos. Primeiro, ele já pastoreava uma igreja e agora tinha uma “namorada”. Eu não queria ser a responsável por fazer um pastor pecar, com atitudes ou pensamentos impuros.
Segundo, se as coisas não dessem certo e resolvêssemos romper o relacionamento, não teríamos nada do que nos envergonhar nem ficaríamos devendo nada um ao outro.
Terceiro, quando o primeiro beijo finalmente acontecesse, no dia do nosso casamento, tudo seria infinitamente mais intenso e especial, com sabor de vitória.
E assim foi nosso namoro, que durou nove meses até o casamento. Como não podíamos nos beijar e só dávamos rápidos abraços e beijos no rosto ao nos encontrar ou nos despedir, usávamos nosso tempo para conversar. E conversamos sobre tudo. Queríamos ter certeza que éramos compatíveis. Compramos livros para ler juntos, fizemos pic-nic e passeios românticos, mandávamos milhões de SMS (mensagem de texto) para o celular um do outro, enfim. Tivemos que desenvolver nossa criatividade e novas formas de demonstrar amor ao outro.
Essa experiência do namoro fez com que tudo se tornasse mais bonito e significativo, nos fortaleceu como casal e nos encheu de alegria saber que em nada defraudamos um ao outro e em nada desonramos a Deus.
Você, jovem, em fase de namoro, não desista, não abaixe os padrões, não se amolde aos padrões desse mundo, não se esqueça dos princípios que aprendemos na Palavra de Deus. Ainda vale a pena procurar por um namoro santo. Ainda tem gente que valoriza a virgindade e a pureza. E mesmo que você já tenha ido “longe demais”, ainda há espaço para mudança, nosso Deus é misericordioso para com aqueles que tem o coração sincero diante dele.
Meu desejo é que o Senhor te direcione e te conceda a bênção de ter relacionamentos que reflitam a glória e a beleza de Deus.
P.S.: Quer saber como foi o “grande dia” e o “felizes para sempre”? Te conto mais no próximo artigo!!!! (Rá! )
Oi, Maristela! Obrigada pelas palavras, prima. Que o Senhor abençoe você e sua família também. Grande beijo!
Bia, que lindo! Já conhecia a história, mas ler foi bom demais!!! Realmente, entendo bem quando vc escreve que, se soubéssemos que era para ser ele (a), todo sacrifício para se guardar teria valido a pena! Lindo demais! Vou mostrar para Aninha e Gisele.
Que experiência fascinante e honrosa!