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As Armas da Guerra 4

As armas da guerra – A Tentação de Jesus: A importância teológica, hermenêutica e prática – 4

É extremamente insensato lutar uma guerra desarmado. Nenhum soldado é louco o suficiente para estar na linha de frente sem portar nada para sua defesa e ataque. Jesus sabia que o Espírito lhe conduzira para uma batalha. Não entre reinos deste mundo, ou contra os governadores terrenos, quer seja Pilatos ou Herodes. Bem pior que isso. O Espírito colocou Jesus na linha de frente na batalha contra o Diabo, um inimigo preparado para ver a derrota de seu adversário, e que usaria todas as armas disponíveis para chegar ao seu objetivo.

Foram três investidas diabólicas nesta empreitada. Na primeira, Satanás tentou Jesus a transformar as pedras em pães, tirando proveito dos quarentas dias de jejum. Naquela região, havia pedras roliças que pareciam pães, intensificando o teor da tentação. Na segunda investida, o Diabo propôs um espetáculo para Jesus, em que Ele se jogava de uma parte alta da cidade e seus anjos viriam em seu auxílio. E, na terceira, o inimigo oferece a Jesus todos os reinos deste mundo, se simplesmente o adorasse.

Numa guerra tão cruelmente travada, Jesus não poderia estar desarmado. E não estava. As três respostas às investidas diabólicas são introduzidas pelo verbo no perfeito γέγραπται (do verbo γράφω que significa “escrever”). O tempo perfeito, no grego, descreve uma ação ocorrida no passado, cujos resultados ou consequências permanecem até o momento do uso do verbo. No Novo Testamento, esse verbo no perfeito sempre introduz mandamentos ainda vigorando ou o cumprimento de profecias. Como arma contra os ataques de Satanás, Jesus utiliza-se de três textos do Antigo Testamento, mais especificamente, de Deuteronômio: 8.3; 6.16; e 6.13.

Em Deuteronômio 8.3, a primeira arma de Jesus, Moisés está recontando ao povo que eles ficaram um tempo sem comer, mas depois tiveram o maná, a fim de saberem que o homem não vive apenas de comida física. O propósito do maná é descrito claramente por Moisés como uma forma didática de submeter o povo à suficiência de Yahweh. Assim, o ensinamento é de que, por meio da provisão feita por Deus do maná, ficaria claro para o povo que o mesmo não deveria preocupar-se em primeiro lugar com o necessário para a sobrevivência, senão antes em agradar a Deus e fazer a sua vontade. Aquilo que é essencial, como a comida, Deus acrescentaria como benefício da obediência.

A segunda arma de Jesus, Deuteronômio 6.16, é a forma negativa do shemá (עֲמַשְׁ) em 6.4-5, em que Deus exige um amor exclusivo a Ele. Tentar a Deus, então, é o oposto de amá-lo. Amar a Deus como descrito no início do capítulo 6 é claramente incondicional, apesar e acima de qualquer circunstância. Tentar a Deus já é colocá-lo à prova, exigindo condições para se relacionar com Ele.

A última arma de Jesus encontra-se em Deuteronômio 6.13. A utilização da ideia de servir por Moisés é bem sugestiva, uma vez que os israelitas acabaram de deixar o Egito. A aceitação por Jesus da proposta de Satanás significava uma subserviência do primeiro ao segundo, semelhante à escravidão dos israelitas no Egito. Ao combater a tentação, Jesus declara sua vitória contra as tentativas escravizadoras do inimigo.

Na batalha contra a maior das tentações, Jesus escolheu bem suas armas: textos do Antigo Testamento. O autor de toda a criação e, inclusive, da própria Palavra, se valeu das Escrituras para combater Satanás. Jesus fornece, então, o exemplo para o combate das nossas tentações. As armas que necessitamos para vencer nossas batalhas diárias são as Escrituras, a Palavra de Deus.

Portanto, embainhe sua arma e se prepare para a batalha. Ou, em outros termos, leia sua Bíblia e a guarde no coração, deixando que ela direcione seus passos e dite suas decisões.

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