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PROMESSAS DE UM REI – Sl 101 – A coragem dos liderados muitas vezes está relacionada com a condição do seu líder.

“A coragem dos liderados muitas vezes está relacionada com a condição do seu líder”.

O Salmo 101 reflete exatamente isso quando aplicamos a nossa caminhada espiritual. Esse Salmo faz parte do 4º livro do livro dos Salmos, que vai do Salmo 90 ao 106, e alguns comentaristas dizem que é o coração dos Salmos. Ele diz respeito ao rei que promove justiça no reino pelo exercício individual da sua justiça. É um Salmo de Davi que aponta para o modelo do bom Rei. Ao longo da história esse Salmo foi usado por diversos governantes afim de obter sucesso no reino. Na Europa o Duque Ernesto Devoto distribuía cópias do Salmo 101 aos seus oficiais que talvez estivessem envolvidos em corrupção ou má gestão para que tivessem um modelo a seguir.
Em suma, o Salmo 101 declara o compromisso do rei de viver com integridade e manter a integridade da comunidade.

101 – Salmo de Davi.
1 Cantarei o teu amor e a tua justiça, SENHOR; com cânticos te louvarei. 2 Buscarei viver de modo inculpável; quando virás me ajudar? Viverei com integridade em minha própria casa. 3 Não olharei para coisa alguma que seja má e vulgar. Odeio todos que agem de forma desonesta; não terei nada a ver com eles. 4 Rejeitarei ideias perversas e me manterei afastado de todo mal. 5 Não tolerarei quem difama seu próximo, não suportarei presunção nem orgulho. 6 Irei à procura dos fiéis para conviverem comigo. Só terão permissão de me servir os que andam no caminho certo. 7 Não permitirei que enganadores habitem em minha casa, nem que mentirosos permaneçam em minha presença. 8 Minha tarefa diária será acabar com os perversos e expulsar da cidade do SENHOR os que praticam o mal.

Nesse Salmo somos chamados a cantar a bondade e justiça, a tentar seguir o caminho da perfeição, a ter olhos puros e a aborrecer o proceder dos que se desviam. Deus se revela ao longo da história a fim de mostrar sua glória e para isso Ele chama homens como os patriarcas, os juízes, os profetas, os sacerdotes, os levitas, os reis, e Davi faz parte dessa história.

Para aplicarmos o Salmo 101, precisamos entendê-lo da perspectiva de Davi, antes da vinda de Cristo, e entender que esse Salmo aponta para Jesus Cristo que é o consumador autor da nossa fé. Se lermos o Salmo nessa perspectiva seremos capazes de aplica-lo no nosso dia a dia. Se desligarmos Davi do restante da história, o Salmo 101 nada será além de uma série de leis, de normas, e de obrigações impossíveis de serem cumpridas.

O momento histórico em que Davi escreveu o Salmo 101 é desconhecido por nós. Provavelmente foi no início do seu reinado, há quem diga que tenha sido escrito para inauguração ou celebração do seu reinado. No entanto, quando olhamos para a história do rei Davi, há um momento significativo no início do seu reinado que sugere ter sido o momento em que esse Salmo foi escrito.

Em 2 Sm 6.1-11 é narrado o momento em que Davi se torna rei de Israel, e com intuito e a motivação de ser um rei segundo o coração do Senhor, ele quer trazer de volta a arca do Senhor para Jerusalém que era cidade da habitação de Deus, porque a arca significava a presença abençoadora de Deus, sobre a cidade de Deus, Jerusalém.

Só que tem um problema, não podemos adorar a Deus à nossa maneira. Deus quer ser adorado e dá as prescrições para ser adorado. Não é desse jeito, não é dessa maneira que leva a arca. O Senhor mostra e revela sua santidade matando Uzá porque não era daquela maneira que a arca deveria ser levada.
Se quisermos adorar ao Senhor nós temos que fazer segundo as prescrições dEle. E Davi entendeu isso: não é dessa maneira que se leva a arca. Então ele faz um questionamento, vv 9: “como poderei levar a arca do Senhor?”. Essa é a pergunta de Davi em busca de comunhão com o Senhor. Davi não estava interessado apenas numa caixa folheada a ouro, Davi estava interessado em comunhão, em ter a presença do Senhor. A arca simbolizava a benção da presença do Senhor.
Quando o Senhor virá ter comigo? Essa é a pergunta que ele faz no Salmo 101.2. Ele sabia que para ter a presença abençoadora do Senhor ele deveria andar em santidade, porque Deus é Santo. Davi provavelmente se lembrou de Deuteronômio 17.8-20 que contém as diretrizes para o rei de Israel. Davi é um homem segundo o coração do Senhor, ele quer ser o rei que detêm e desfruta da presença do Senhor, logo ele se lembra das prescrições que Deus havia deixado para o povo de Israel.

Então o rei Davi, exposto a lei do Senhor, aprendendo as prescrições do que significava ter a presença do Senhor no meio do povo de Israel, entende que haviam prescrições já estabelecidas por Deus para levar a arca. Estudando a Palavra do Senhor Davi descobre que o modelo de um bom rei é aquilo que nós vemos descrito nos versículos 3 a 8 do Salmo 101, que mescla características do que ele não toleraria no seu reinado, mescla características negativas do que ele não toleraria no seu caráter e mescla no versículo 6 as características dos habitantes do seu reino.

2 Samuel 6.12-15 narra que Davi volta três meses depois para pegar a arca. Ele entendeu que para ser um rei segundo o coração do Senhor ele deveria ser instruído pela Palavra, e agora ele estava pronto para iniciar o seu reinado e ser conhecido por aquilo que o tornou conhecido, bondade e justiça. “Cantarei a bondade e a justiça, a ti Senhor cantarei”. Ele faz um compromisso individual de andar no caminho correto, ele quer manter integridade de coração, e o seu desejo de andar no caminho correto é motivado pelo seu desejo de andar em intimidade com o Senhor.

E Davi é um rei justo e bom, porque ele busca refletir o coração do Senhor. O seu compromisso começa individual dentro de casa e se expande para todo o reino vv 7-8. Por amar ao Senhor, ele quer um reino cheio e repleto de pessoas que andam em integridade, e está disposto a fazer o uso da espada se for necessário. Ele aponta o caminho correto: olhos puros, desprezo pelos caminhos dos ímpios. Seus votos visam: Engrandecer a retidão do caráter divino (v.1); seguir o caminho da perfeição (v.2); manter a separação daquilo que é mau (vv.3,4); atuar na eliminação da injustiça (v.5); buscar a convivência com pessoas justas (v.6); perseverar no cumprimento dos seus propósitos. Em busca desses objetivos ele não quer conhecer o mal; quer abafar a maledicência; eliminar o que anda em soberba.
Apesar do voto que reflete o seu compromisso com o Senhor precisamos nos atentar para o progresso da história. Será que esse rei que quer promover justiça e bondade foi bem-sucedido?

2 Samuel 8.15 diz que: 15 “Davi reinou sobre todo o Israel e fazia o que era justo e correto para seu povo”. Ele reina com justiça. O capítulo 9 descreve a bondade de Davi para com o descendente de Jonatas, Mefibosete. Davi é um excelente rei, ele é um bom rei. Mas a história de Davi aponta para algo maior, ela ilustra a necessidade de alguém maior que Davi.
Graças a Deus porque a história não para em Davi. Porque Davi não é exatamente o que ele almeja no Salmo 101. A história continua e vem os capítulos 9, 10 e na sequência o 11 de 2 Samuel. E o voto de que dentro de casa ele teria um coração sincero e viveria de forma perfeita e madura para com o Senhor (Sl 101.1) é quebrado em 2 Sm 11. E de dentro da sua casa Davi que prometeu não olhar para coisa alguma que fosse má e vulgar (101.3), onde ele prometeu que seria um rei justo e bom, ele vê uma mulher que não era sua esposa tomando banho.

Davi que prometeu rejeitar ideias perversas e se manter afastado de todo mal (Sl 101.4) agora comete algo que era mal. Tomou para si a esposa de outro homem e trama a morte desse homem de forma cruel, traiçoeira e impiedosa. Urias era um homem bom, Urias era um homem fiel, Urias era exatamente o homem que Davi jurou que ele gostaria que permanecesse dentro de sua casa (Sl 101.6). Davi tem um plano oposto àquilo que ele havia jurado, ele acaba de violar todos os seus votos de bom rei. Davi não é a esperança de Israel, Davi não é a nossa esperança. Davi prefigurava algo maior, prefigurava alguém que haveria de vir. Nós precisamos de um rei justo e Davi falhou. Precisamos de alguém cuja justiça promova a transformação de seus súditos, e Davi falhou, não foi capaz de cumprir seus votos. Davi sou eu e você, incapazes de manter nossas obras de justiça.

Para cada um dos pontos descritos nos versículos 3-8 do Salmo 101, tem uma falha moral. Ele tem desejo no coração de ser um bom rei, mas falhou. A história de Davi nos mostra que seus votos apenas o condenaram. Quais esperanças restam para nós?

O Salmo 101 antes de ser para nós uma regra de conduta é uma dura condenação porque exige um padrão elevado, que nem Davi em toda a sua maior motivação foi capaz de seguir. E assim como Davi, nós também falhamos. Falhamos em manter nossos olhos puros, em manter nossa língua pura, em manter um coração bom, em nos associar com pessoas que são ímpias e não buscam os mesmos valores do rei do Rei Jesus.

Davi deixou registrado para nós o desejo que ele tinha de ser um bom rei. Mas o seu fracasso nos aponta para alguém maior que ele, nos aponta para vinda do verdadeiro Rei. Quem é o bom Rei? O Salmo 101 fala do Rei Jesus, Aquele para quem toda Escritura aponta, Aquele que é o clímax da revelação, Aquele que é a razão da nossa existência, um Rei justo que luta e serve em seu reino. Esse Rei é perfeito, Ele morreu pelo seu reino, e Ele traz para nós a sua justiça, promove bondade. Esse Rei é Jesus, a esperança pelo qual nos reunirmos, Ele é a figura do bom governante, é um bom governante que se fez súdito que se humilhou em nosso favor.

O Salmo 101 não é uma tentativa inútil de viver santo aqui na terra, o Salmo 101 é a razão da esperança da justiça e da bondade que nos aguarda, que se resume em Jesus. Porque os Salmos apontam apenas para Jesus que é o clímax da revelação. Isaías 11.1-5 nos dá mais informações sobre esse Rei que haveria de vir, nos dá pistas de como será esse reinado, do que nos aguarda, nos traz a figura do Rei que cumpriu de forma completa o que prometeu. Jesus Cristo veio trouxe justiça e bondade, inaugurou seu reino, mas ainda há de consuma-lo. O que Davi falhou Jesus há de cumprir. Jesus vai cumprir com seu cetro de justiça perfeito, proclamará a justiça e bondade de forma perfeita. A nossa esperança é o Rei Jesus, porque modelo nenhum prevalece diante da justiça do nosso Rei.

Efésios 1.10 nos aponta que toda história culmina em Cristo, Ele é a chave para compreendermos o universo, é nEle que encontramos conforto e consolo diante da injustiça. Davi e todo o Antigo Testamento são sombras do que haveria de vir, Jesus. Alguns aspectos do Salmo 101 se cumpriram no primeiro advento do Senhor, e existem aspectos do Salmo 101 que serão cumpridos na segunda vinda do Senhor Jesus. Nós aguardamos a consumação do Reino que já foi inaugurado, mas ainda falta a presença do Rei, a presença literal do Rei.

Em 2 Samuel 7 o Senhor estabelece uma aliança com rei Davi, e no versículo 14 ao falar do seu descendente que transcende Salomão Ele coloca detalhes que são surpreendentes. Havia uma punição para transgressão no reino: açoites, varas, castigos, e não foi nas costas dos súditos, foi nas costas do Rei, foi nas costas do Rei que está edificando um reino e assumiu o lugar de súdito. O Rei Jesus veio, não foi aclamado como rei, ganhou uma coroa de espinhos, e tomou os açoites da minha transgressão e da sua transgressão, porque ele se fez pecado no meu e no seu lugar.

Deus está edificando um Reino para Si mesmo, chamando os seus súditos pela mensagem da cruz, porque é na cruz que a justiça e a bondade se encontram, esse paradoxo que nenhum governo sequer será capaz de explicar Jesus explicou numa coroa de espinhos e nos cravos que foram colocados em suas mãos. Ele veio como um cordeiro, mas ele não é só um cordeiro, Ele é o Leão. Ele é o cordeiro que morreu em nosso lugar, mostrando a sua bondade e haverá de voltar como Leão para mostrar a sua justiça e equidade.

Jesus é tudo que precisamos. Ele é o Rei que nos dá esperança na batalha contra o pecado. Precisamos colocar nossos olhos no Rei. Porque alguns têm tirado os olhos do Rei e estão tristes andando na sua própria justiça, violando os versículos 3 a 8, com os olhos impuros, falsidade boca, coração perverso, pecado sendo contemplado, nos desanimamos e sentimos derrotados. Eleve os seus olhos e olhe para Cristo.

O Salmo 101 nos diz que falhamos em cumprir a bondade e justiça, mas aponta aquele que foi perfeito em cumprir a bondade e justiça. Davi falhou, eu falhei, você falhou, mas Jesus não falha. O evangelho então nos é apresentado mais uma vez porque Jesus está arrebanhando para si súditos, todos os que estão cansados e oprimidos por confiarem na própria justiça. Todos os que estão cansados da opressão, da injustiça, do próprio pecado, a cruz de Jesus nos mostra que o pecado que nos aflige já foi pago, que o novo Reino foi inaugurado, que o cetro de justiça virá, e que o reino de Jesus virá a ser consumado, e teremos descanso daquilo que nos faz cansados.

A cruz de Jesus é a esperança para nós. Olhe para o Rei. Só Ele é capaz de nos livrar de tropeços, só Jesus é capaz de nos preservar imaculados, para sua glória.

“Toda a glória seja àquele que é poderoso para guardá-los de cair e para levá-los, com grande alegria e sem defeito, à sua presença gloriosa”. Judas 24

Esse Rei recruta súditos para o reino na cruz do calvário, onde bondade e justiça se encontram. Seus súditos então são transformados na ética do reino enquanto aguardam a sua manifestação completa, onde finalmente o rei Jesus reinará com justiça e eterna bondade para os seus.

Há esperança além deste mundo.

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