HomeMario MachadoA Gata Borralheira

A Gata Borralheira

Ela pegou na mão, a sandália a qual ainda pagava as prestações,
Tropeçou, soltou alguns palavrões…
Depois de vários quarteirões, as pedras soltas do asfalto já feriam os seus pés.
Tropeçou de novo, mas dessa vez, respirou fundo, contou até dez…
Sentou-se na sarjeta exausta que estava;esgotada,
Os gatos foram embora e só sobraram os ratos fazendo a festa com os restos da madrugada.
Seu cabelo cheirava a cigarro, seu vestido à cerveja, seu corpo fedia à pecado.
Havia algo de podre no ar, que tornava obsoleto seu caro perfume importado.
Vomitou a bebida, o salgadinho, os beijos ;vomitou até não poder mais!
Homens! Só querem uma coisa da gente! São todos farinha do mesmo saco! Todos iguais!
A tragédia era que ela já estava acostumada, o procedimento era de praxe.
Seus “ficantes” não se obrigavam nem a pagar-lhe um táxi.
Sempre ia pra casa sozinha, cortando atalho pela contramão.
Até sua mãe já havia cansado de espera-la madrugadas à dentro, em pé no portão.
À bem da verdade, seus dias de glória já haviam passado e seus sonhos dourados, já viravam pesadelo.
Parecia que havia sido ontem que ela era uma mocinha ingênua sonhando em ser modelo.
Modelo de perfeição estética, das gostosonas do bairro, às meninas esqueléticas,
Que fazem das cantadas baratas de velhos caquéticos, sua esperança patética.
DE um dia serem tratadas como rainhas, mesmo que seja por um sapo.
Periguete em fim de carreira… , não tem tu, vai tu mesmo e fim de papo.
A princesinha do papai, agora é a cachorra de um filho da mãe qualquer.
A filhinha que sua mãe cria, brinca com a boneca que era sua,
Era menina, nem foi mocinha e hoje já é uma mulher da vida, perambulando perdida de madrugada pela rua.
A realidade, é um conto de fadas esquisito….
Onde a princesa é a melhor amiga da bruxa malvada e o lobo mau veste roupas de grife e tem dentes bonitos.
Mas, não é acaso que o fim da balada culmina sempre com a chegada de um novo dia!
É quando a noite vai embora que ela volta a ser a filhinha do papai e deixa de ser a vadia.

Pra ruminar vida afora:

“A misericórdia triunfa sobre o juízo”
Thiago 2:13b

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